Fala pessoal, hoje trago para vocês uma review feita pelo meu brother
Felipe Perazza, dono do blog parceiro
Músicas de Andarilho. Passo as palavras para o mestre:
Nos anos dourados do Nintendo 64, um singelo título da Konami brilhava nas prateleiras das lojas. Mystical Ninja Starring Goemon foi lançado em agosto de 1997, aproveitando a onde de jogos que mesclavam o estilo Aventura com RPG. Foi nessa época que iniciei a jornada ao lado de Goemon e Ebisumaru, alugando o cartucho algumas vezes. Infelizmente, na época eu não tinha a fita, e acabei não conseguindo passar da metade da saga, que ficou interrompida em minha mente por nada menos que 14 anos!
Há alguns meses, adquiri pelo Mercado Livre o título que outroa me proporcionou momentos tão
felizes ao lado do nosso querido 64. Pela bagatela de 30 reais e alguns dias de espera, consegui finalmente reembarcar nessa aventura mística em um Japão fantástico e convidativo.
Entretanto, logo que o game chegou em casa, não pude jogar de cara, pois descobri que meu Memory Card (Controller Pak) estava com problemas, e o jogo precisa dele para gravar (um de seus poucos pontos fracos). Mas, nada que uma boa caça ao centro de São Paulo não resolvesse, e logo encontrei um Card usado por mais 20 pratas. Valeu a pena, afinal é pra jogar Mystical Ninja.
Eis que finalmente chegou a hora e em poucos dias consegui alcançar o estágio em que eu havia parado quando criança. A partir dali, seria tudo novo pra mim. Uma criança novamente, encarando monstros malígnos e cenários fabulosos em prol de salvar o Japão. E a experiência se revelou uma das mais memoráveis emoções ao se jogar um game.
A história de Mystical Ninja gira em torno dos amigos Goemon e Ebisumaru, que se vêem obrigados a investigar estranhos incidentes que vêm acontecendo no Japão feudal, como robôs perigosos atacando viajantes, e pessoas desaparacendo misteriosamente. No meio da jornada, os dois ainda encontram Yae - uma corajosa agente secreta que também está tentando resolver os mistérios - e Sasuke, um antigo amigo robótico que agora busca vingar a morte de seu criador.
Formado o quarteto, eles partem juntos em busca da Montanha do Pêssego Gigante, misteriosos e excêntricos seres de outro planeta que estão criando todos os problemas para os japoneses. Não vale a pena se alongar sobre os vilões, também para não estragar as surpresas, mas o que posso adiantar é que eles são os responsáveis pelos diálogos mais engraçados da história, como o estranho hábito do chefão em chamar nosso protagonista de Fernandez (!).
Aliás, o humor é um ponto fortíssimo nesse jogo, com diálogos que vão do inocente até o non-sense. Acompanhando esses pontos engraçados temos até risadas ao fundo, no melhor estilo de comédia americano. Mas nem tudo é alegria, pois algumas fases são tensas, outras cenas são dramáticas e impossível é não se apaixonar pela saga desses heróis tão carismáticos e que se completam perfeitamente. Sim, você pode controlar todos eles (um de cada vez), e cada um possui suas próprias habilidades, armas e magias. O trabalho em grupo precisa ser feito, mesmo com apenas um jogador.
A trilha sonora merecia um texto exclusivo, tamanha a qualidade da mesma. Os compositores Shigeru Araki, Yusuke Kato, Saiko Miki e Yasumasa Kitagawa desenvolveram canções que mesclam a cultura japonesa com elementos modernos de forma majestosa. Dessa forma, algumas das cidades possuem músicas que te transportam para o Japão medieval, enquanto labirintos mesclam a energia eletrônica com os instrumentos tradicionais no país. É um dos pontos mais altos do jogo, sendo que qualquer jogador gostaria de ter o disco com as faixas para ouvi-las sempre. Além disso há uma canção de abertura cantada e outra que serve de tema para o robô gigante Impact, sempre que ele vem em auxílio aos heróis. Ouso dizer que é uma das mais perfeitas trilhas sonoras de video-games, figurando facilmente ao lado de Zelda: Ocarina of Time ou Super Mario 64.
Falando no robô gigante, as fases em que o controlamos estão entre os momentos mais divertidos da história. Em uma auto-paródia sobre a cultura japonesa, alguns dos chefões controlam robôs enormes, e cabe ao Impact aparecer para destrui-los. Usando a visão do robô, podemos dar socos, soltar tiros e usar correntes. Vale lembrar que o último chefe é dificílimo de vencer mesmo com todo esse arsenal disponível. Já os chefes anteriores são bem tranquilos de vencer.
Infelizmente o jogo não é perfeito, e alguns pequenos pontos prejudicam a experiência do jogador. O primeiro deles, como citei acima, é sobre a obrigatoriedade de usar o Memory Card para salvar. Sem ele você terá que começar do zero sempre (como eu fazia sempre que alugava). Outro ponto que deixa a desejar é a câmera. Por muitas vezes ela é mal posicionada na fase e o jogador perde a direção facilmente. Em algumas cenas, você entra numa sala e a camera fica de frente pra você. Se houver inimigos por ali eles já te acertarão sem que você possa ao menos vê-los. Outro ponto negativo é a impossibilidade de jogar em dois jogadores. Essa é uma saga de apenas um jogador, mas isso ocorre com os principais grandes games da história.
Mesmo assim, nem todos esses defeitos tiram a glória de jogar Mystical Ninja. Se você quer uma história cativante, um cenário tão formidável que dá vontade de viver nele, gráficos bacanas (para a época), personagens fortes e muita pancadaria nos bandidos, Mystical Ninja vai te conquistar com certeza. Mesmo que leve 14 anos para ser completado.